O Brasil possui cerca de 14 milhões de analfabetos e 35 milhões de analfabetos funcionais, pessoas que passaram pela escola, mas não dominam a leitura e a escrita. E o pior, de cada três alunos do Ensino Médio, um não entende o que lê, são milhões de jovens que correm o risco de chegar despreparados ao mercado de trabalho. Ninguém fala o tempo todo segundo a regra culta, mas caberia à escola aceitar outras variantes da língua indiferentes a regra gramatical.
Se a língua escrita para ser compreendida não aceita a falta de regras, é possível escrever direito sem falar em bom português?
O poeta Fernando Pessoa, o patriota da nossa língua, jamais condenou quem se expressava mau ou de forma incorreta, mas declarava seu ódio à página mau escrita e à ortografia errada e explicava porquê: “quem não vê bem uma palavra, não vê bem uma alma”.
A importância da expressão correta da língua falada se deve principalmente à questão da aceitação, tanto em grupos sociais, quanto em lugares ou empregos, sem falar no infortúnio do preconceito linguístico que se pode sofrer.
A utilização ou não da norma culta na oralidade, não influencia diretamente na comunicação, ou seja, não causa ruídos. Na linguagem informal, a informação é receptada da mesma maneira, e dependendo do ambiente e conjuntura, facilita até mais a compreensibilidade.
O não uso da norma culta na língua falada, também não impossibilita seu uso na língua escrita, muitas pessoas escrevem de maneira diferente do que falam. Além disso, existem formas do português do Brasil que são específicas da escrita, como por exemplo: cujo e cuja.
O ensino escolar deve focar na escrita, e ao prezar pela gramática, automaticamente a leitura e a fala são favorecidas. O papel do ensino escolar também inclui o aconselhamento sobre a utilização da norma culta em ocasiões adequadas, como uma entrevista de emprego, entre outras circunstâncias ou locais em que ela for exigida, além do forte incentivo à leitura. Pois como dizia Monteiro Lobato: “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”.
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