Atos de “justiça com as próprias mãos” vêm se sucedendo já
há algum tempo, fundamentados pela asserção de que delinquência é opcional,
ignorando a questão da sobrevivência.
Pois bem, não gosto de trabalhar com hipóteses. Mas foi a
melhor maneira que encontrei de retratar minha concepção.
Paremos pra pensar...
Essa premissa se sustenta no caso de uma criança que a vida
obrigou a se virar sozinha desde muito cedo, por ter sido abandonada ou por ter
perdido os pais?
Será citado um ou outro caso de superação, mas exceções não
podem ser tratadas como regra. E convenhamos que nestes casos, são encontradas dificuldades
que estão fora da realidade da maioria das pessoas que apoiam e praticam essas
ações.
Só estando na pele para saber se é possível se manter pacífico e inerte
quando a vida nos obriga a enfrentar obstáculos árduos na luta pela
sobrevivência.
Fica fácil formar opiniões e emiti-las por meio de iPhones e
deitados em quartos com ar-condicionado, sem antes lembrar que existem pessoas que não possuem ao menos privadas para fazerem suas necessidades fisiológicas em seus “domicílios”, e
outras que nem domicílio possuem.
Apoiando “justiceiros” que executam seus atos de “justiça”
de maneira seletiva, concentrando seus procedimentos exclusivamente contra
pobres e negros, “esquecendo”, por exemplo de políticos corruptos que constituem
a parcela da população de maior responsabilidade pela criminalidade do país.
E em muitas vezes “esquecendo” até de suas próprias
responsabilidades, como no caso do grupo de “justiçamento” que amarrou um
adolescente a um poste no Aterro do Flamengo no final de janeiro do ano passado
e passaram a agredir o rapaz, apontado como autor de furtos na região. Pouco
tempo após a este ato, integrantes do grupo foram presos sob acusações de
tráfico e uso de drogas, estupro, furto e ameaça.
Pois como diz o velho ditado: “quem não tem teto de vidro
que atire a primeira pedra”.
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