quarta-feira, 15 de julho de 2015

Que atire a primeira pedra...


Atos de “justiça com as próprias mãos” vêm se sucedendo já há algum tempo, fundamentados pela asserção de que delinquência é opcional, ignorando a questão da sobrevivência.

Pois bem, não gosto de trabalhar com hipóteses. Mas foi a melhor maneira que encontrei de retratar minha concepção.

Paremos pra pensar...

Essa premissa se sustenta no caso de uma criança que a vida obrigou a se virar sozinha desde muito cedo, por ter sido abandonada ou por ter perdido os pais?

Será citado um ou outro caso de superação, mas exceções não podem ser tratadas como regra. E convenhamos que nestes casos, são encontradas dificuldades que estão fora da realidade da maioria das pessoas que apoiam e praticam essas ações.

Só estando na pele para saber se é possível se manter pacífico e inerte quando a vida nos obriga a enfrentar obstáculos árduos na luta pela sobrevivência.

Fica fácil formar opiniões e emiti-las por meio de iPhones e deitados em quartos com ar-condicionado,  sem antes lembrar que existem pessoas que não possuem ao menos privadas para fazerem suas necessidades fisiológicas em seus “domicílios”,  e outras que nem domicílio possuem.

Apoiando “justiceiros” que executam seus atos de “justiça” de maneira seletiva, concentrando seus procedimentos exclusivamente contra pobres e negros, “esquecendo”, por exemplo de políticos corruptos que constituem a parcela da população de maior responsabilidade pela criminalidade do país.

E em muitas vezes “esquecendo” até de suas próprias responsabilidades, como no caso do grupo de “justiçamento” que amarrou um adolescente a um poste no Aterro do Flamengo no final de janeiro do ano passado e passaram a agredir o rapaz, apontado como autor de furtos na região. Pouco tempo após a este ato, integrantes do grupo foram presos sob acusações de tráfico e uso de drogas, estupro, furto e ameaça.

Pois como diz o velho ditado: “quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A Hipocrisia Convencional da Cultura de Massa


Recentemente, o apresentador e jornalista Zeca Camargo revoltou músicos do gênero ‘Sertanejo Universitário’, após dar uma declaração dizendo que eles são fenômenos que "empobrecem" a cultura brasileira.

Revolta da qual não compreendida por mim...

Cantores de sertanejo universitário não fazem músicas de apelo comercial?

Em outras palavras, não fazem músicas que tem por objetivo único e exclusivo de ‘vender’?

Realmente a hipocrisia está presente em todos os setores e classes. E além da hipocrisia, há também o desconhecimento.

Muitos desses músicos devem desconhecer o campo estético da Cultura de Massa, que ao contrário da Cultura Popular e da Cultura Erudita, não preza pela espontaneidade e percebe a cultura e a arte como mercadoria e fonte de lucro, mas incorpora seus atributos, banalizando-os e esvaziando-os de seu conteúdo original, pois valoriza somente os aspectos que caem no gosto da massa e possuem potencial para lucro, oprimindo assim, outras manifestações culturais que vão perdendo espaço e legitimação social paulatinamente.

A Cultura de Massa foi criada e produzida pela mídia com um objetivo específico, atingir a massa, transformando-os em produtos para o consumo, estando sempre ligada ao poder econômico do capital industrial e financeiro.

A Indústria Cultural transforma cultura e arte em produto, seguindo a lógica do sistema capitalista, sendo o instrumento que processa os “produtos” culturais em grande escala, em série industrial.

Esta cultura de entretenimento é hipnotizante, entorpecente, indutiva. Ela é introjetada no ser humano de tal forma, que se torna quase inevitável o seu consumo, principalmente se a massa não tem o seu olhar e a sua sensibilidade educados de forma apropriada, e o acesso indispensável à multiplicidade cultural e pedagógica.

A verdade dói, mas liberta.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Eduardo Cunha, privatizações e o colapso do sistema penitenciário



A CPI do Sistema Carcerário na Câmara pode aprovar a privatização das penitenciárias. Seus defensores creem que a redução da maioridade penal e a carência de recursos públicos para a construção de novas unidades ajudarão.

Hoje um preso custa cerca de 1.300 reais mensais aos cofres públicos. Em contratos de privatização de penitenciárias já firmados (como em Minas Gerais) ou nos que ainda ainda serão assinados (por exemplo, São Paulo) o valor estimado de repasse para a empresa que vai gerir o sistema é de 2.700 reais mensais por detento. Ou seja, em um presídio com 10.500 detentos, o Estado vai entregar para uma única empresa (ou consórcio) cerca de 28,3 milhões de reais por mês.

Quem ganha com isso?

Os políticos, que terão sua campanhas eleitorais bancadas por esses empresários.

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, campeão de arrecadação, gastou 6,4 milhões de reais para reeleger-se, propôs a inclusão da doação de empresas privadas a partidos políticos na Constituição Federal e a redução da maioridade penal.

O sistema carcerário brasileiro tende a se transformar em um enorme negócio.

No ano passado, após deixar para trás a Rússia, o Brasil se tornou detentor da terceira maior população carcerária do mundo, composta em sua esmagadora maioria por negros e pobres.

Não se espante se em um futuro próximo, aparecermos no topo do ranking.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Malafaia e a ‘moralidade’


No ano passado, mais precisamente no período que antecedeu as eleições, um fato me chamou atenção. O Pastor Silas Malafaia se referia à legalização da maconha e ao casamento homoafetivo como ‘lixo moral’, durante a propaganda eleitoral de candidatos apoiados por ele.

Por se tratar de época de eleições, havia muitos temas relevantes e acabei não tocando no assunto. Porém, devido a recente polêmica envolvendo o pastor e o jornalista Ricardo Boechat, me fez vir à tona novamente a tal declaração, e refletir:

Um ser que se tornou milionário à custa da exploração da boa fé de milhões de pessoas desfavorecidas financeiramente.

Um ser que se utilizada da figura de líder religioso para lançar uma campanha chamada “Clube do Um Milhão de Almas”, que pretende levantar U$$ 500 milhões (R$ 1 bilhão) para a sua igreja, a fim de criar uma rede de televisão global, que seria transmitida em 157 países.

Um líder religioso que ao invés de exercer seu papel que seria o de propagar a paz, o amor, o respeito e a união. Pelo contrário incita a segregação e o ódio ao clamar para a Igreja Católica “entrar de pau e baixar o porrete em cima dos gays” e atacando pessoas com palavras de baixo calão como “otário” e “idiota”.

Um líder religioso capaz de chamar a jornalista da revista Época Elaine Brum de vagabunda, apenas por discordar de um artigo onde ela relatava a intolerância vivida por pessoas ateias no Brasil.

Um ser desse ‘nível' é digno de se pronunciar sobre ‘moralidade’?