terça-feira, 24 de novembro de 2015

De volta ao seu habitat natural


Desde a campanha do rebaixamento no ano passado, quando o então presidente Maurício Assumpção não mediu esforços para colocar o Botafogo na divisão de acesso do Campeonato Brasileiro, já era evidente que o Glorioso não é time de Série B.

Mesmo com os salários atrasados, jogadores problemáticos no elenco e diversas confusões em meio à disputa do campeonato, a equipe vencia partidas importantes e no peso da camisa conseguia se manter fora do Z4…

Até que o nosso excelentíssimo presidente resolveu nos fazer o “favor” de afastar nada mais nada menos que quatro dos principais jogadores do elenco (Sheik, Edílson, Júlio César e Bolívar), e para completar, o time perdeu Wallyson por contusão, que havia assumido o papel de artilheiro e protagonista do time após os afastamentos. Aí não teve camisa que segurasse… Rebaixamento na certa!

Começa 2015, e com o elenco alvinegro desmantelado, clube sem dinheiro em caixa para contratar e altos rumores de que o retorno à Série A é inviável, havia aqueles que chegavam a cometer a infâmia de bradar aos quatro cantos que o Botafogo iria falir ou acabar. Rumores que logo durante a disputa Taça Guanabara começaram a perder força, principalmente após a vitória alvinegra sobre o Flamengo diante de um Maracanã lotado em pleno aniversário de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro.

Mais tarde, os céticos se surpreenderiam ainda mais ao ver os desacreditados de General Severiano conquistarem o título da mesma Taça Guanabara, desbancando o mesmo Flamengo, e logo depois eliminarem o Tricolor das Laranjeiras de Fred e companhia, na semifinal do Campeonato Estadual, para disputarem uma final de igual pra igual contra o Vasco, apesar de deixarem o título escapar.

Vem a Série B, e mesmo com o time sempre se mantendo nas primeiras posições, devido a perdas de jogadores e oscilações dentro da competição, as desconfianças perduraram pelo menos até o início do returno, quando a equipe então deslancha, não dando mais nenhuma margem para o pessimismo, passando a sobrar no campeonato, conquistando o acesso com três rodadas de antecedência e na última sexta-feira (20), o título, ainda restando uma rodada para o final do campeonato.

Todas essas façanhas citadas foram realizadas, salvo algumas exceções, por atletas de baixo nível técnico, com remuneração estipulada por um teto salarial bem abaixo da realidade dos outros clubes grandes do país, porém a armadura que eles usaram nas batalhas é mais conhecida como “manto alvinegro”, e possui um peso descomunal, capaz de ganhar jogos praticamente “sozinha”, provando que um clube de camisa tão importante jamais pode ficar de fora da elite do futebol nacional.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Destinos Adiados


No sábado (07), o Botafogo enfrentou o Criciúma em Santa Catarina para alçar voos mais altos e carimbar seu passaporte para Série A. Porém não contava com os ventos contrários que sopravam.
 
A decolagem alvinegra começou com três bolas na trave acertadas logo de cara pelo mesmo jogador, Ronaldo, sendo duas delas em uma única finalização. Além do imprevisto causado pela sorte alheia que permitiu o time adversário, mesmo atacando menos que o Alvinegro, chegar ao gol da vitória com Maurinho, que após aproveitar bola mal rebatida pelo goleiro Jefferson, marcou o tento (apenas o segundo assinalado pelo atacante do Criciúma em toda a competição) que adiou o acesso carioca.
 
Fazendo o caminho inverso do Botafogo, o Vasco enfrentou o Palmeiras ontem (08) no Allianz Parque com as passagens para a Série B já praticamente compradas, mas o jato Cruzmaltino deixou o bimotor alviverde para trás, anulando completamente a equipe palmeirense que em nenhum momento colocou em risco a vitória vascaína. Os gols marcados por Rafael Silva, através de um ataque aéreo, e por Nenê, foram golpes cirúrgicos que atingiram o alvo de forma certeira e aniquilaram a partida.
 
Com a vitória por 2 a 0, a tripulação vascaína perdeu a lanterna e ganhou uma nova injeção de combustível para encarar as partidas derradeiras do campeonato. Para não realizar pouso na divisão de acesso, o time de precisará vencer três das últimas quatro partidas, a começar pelo confronto contra o líder Corinthians na próxima rodada, partida em que o Timão necessita apenas de uma vitória para sagrar-se campeão brasileiro.
 
Botafogo e Vasco já parecem estar com seus destinos traçados nesta temporada, aguardando apenas seus vistos para embarcarem nas plataformas, mas os voos que os levarão a seus respectivos paradeiros podem ser turbulentos e com uma boa pitada de emoção até o término da viagem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O ensino da língua portuguesa no Brasil


O Brasil possui cerca de 14 milhões de analfabetos e 35 milhões de analfabetos funcionais, pessoas que passaram pela escola, mas não dominam a leitura e a escrita. E o pior, de cada três alunos do Ensino Médio, um não entende o que lê, são milhões de jovens que correm o risco de chegar despreparados ao mercado de trabalho. Ninguém fala o tempo todo segundo a regra culta, mas caberia à escola aceitar outras variantes da língua indiferentes a regra gramatical. 

Se a língua escrita para ser compreendida não aceita a falta de regras, é possível escrever direito sem falar em bom português? 

O poeta Fernando Pessoa, o patriota da nossa língua, jamais condenou quem se expressava mau ou de forma incorreta, mas declarava seu ódio à página mau escrita e à ortografia errada e explicava porquê: “quem não vê bem uma palavra, não vê bem uma alma”. 

A importância da expressão correta da língua falada se deve principalmente à questão da aceitação, tanto em grupos sociais, quanto em lugares ou empregos, sem falar no infortúnio do preconceito linguístico que se pode sofrer. 

A utilização ou não da norma culta na oralidade, não influencia diretamente na comunicação, ou seja, não causa ruídos. Na linguagem informal, a informação é receptada da mesma maneira, e dependendo do ambiente e conjuntura, facilita até mais a compreensibilidade. 

O não uso da norma culta na língua falada, também não impossibilita seu uso na língua escrita, muitas pessoas escrevem de maneira diferente do que falam. Além disso, existem formas do português do Brasil que são específicas da escrita, como por exemplo: cujo e cuja. 

O ensino escolar deve focar na escrita, e ao prezar pela gramática, automaticamente a leitura e a fala são favorecidas. O papel do ensino escolar também inclui o aconselhamento sobre a utilização da norma culta em ocasiões adequadas, como uma entrevista de emprego, entre outras circunstâncias ou locais em que ela for exigida, além do forte incentivo à leitura. Pois como dizia Monteiro Lobato: “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”.