Todos são contra a
segregação. Mas só até alguém falar em
cotas ou amarrarem mais um pobre no poste.
São contra cotas
para negros e/ou pobres nas universidades brasileiras. Mas parabenizam colegas
que conseguiram vagas em universidades da Europa, dos EUA ou do Canadá graças à
concessão de cotas para estrangeiros nessas instituições.
São contra o assistencialismo,
pois entendem que não se deve dar o peixe, tem que ensinar a pescar. Mas
ganharam carro da mãe e o pai paga a mensalidade da faculdade e da academia.
Usam de convicto
moralismo para criticar o funk carioca com suas letras de apelo sexual. Mas
silenciam-se perante músicas de rock e metal que fazem apologia explícita ao
sexo – muitos inclusive ouvem com gosto essas músicas sem lhes dirigir a
reprovação moral(ista) que dedicam ao funk.
Demonizam
exorbitantemente a maconha. Mas acordam com Prozac e dormem com Rivotril.
Muitos se dizem
os primeiros a defender a democracia. Mas só quando seus candidatos vencem.
Quando o processo se inverte, as forças conservadoras enlouquecem e incentivam
o golpismo.
São favoráveis à
ditadura militar. Mas se fazem valer do direito de se posicionarem de maneira
contrária ao Estado.
Exigem segurança
policial nas ruas e punição a bandidos, mas raramente demandam a erradicação
das raízes da criminalidade. Suas diligências não pedem pela solução da
criminalidade, mas sim apenas pela vingança contra criminosos, parecendo que o
que lhes é mais importante não é viver numa sociedade pacífica e harmônica, mas
sim ver crimes contra a vida e a propriedade sendo “devidamente” vingados mesmo
que a violência e a insegurança perdurem.
Defendem penas
cruéis como a tortura, prisão em penitenciárias propositalmente malcuidadas e a
pena de morte quando se deparam com notícias envolvendo crimes atrozes
cometidos por pessoas desprovidas de riquezas e poder econômico, não
manifestando nem de longe a mesma aversão quando o criminoso em questão é rico
(empresário, juiz, político, cartola etc.) ou filho de pais ricos – exceto
quando o crime é de corrupção em alguns poucos casos.
Dizem-se defensores
enfáticos da liberdade. Mas tanto bradam contrariamente a liberdades básicas
como o direito de ser ateu, satanista, pagão ou afrorreligioso; o direito de
homo, bi e pansexuais de amarem e serem felizes com quem quiserem; o direito de
ser comunista ou socialista; o direito da mulher e do homem trans de escolher
entre abortar ou manter a gravidez etc.
Dizem defender
“a moral e os bons costumes”. Mas, ao mesmo tempo em que não consideram “bons
costumes” nem valores morais válidos o respeito às diferenças, a tolerância
religiosa e a solidariedade altruísta, omitem-se contra os autênticos maus
costumes, como o ódio intolerante contra seres humanos de categorias sociais
diferentes, a violência abusiva e a corrupção de muitos que se dizem “paladinos
da moral”.
Se o rico defende a “elite
branca” é fascista. Se ele defende o pobre é hipócrita.
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