segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Hipocrisia e Incoerência


Todos são contra a segregação.  Mas só até alguém falar em cotas ou amarrarem mais um pobre no poste.

São contra cotas para negros e/ou pobres nas universidades brasileiras. Mas parabenizam colegas que conseguiram vagas em universidades da Europa, dos EUA ou do Canadá graças à concessão de cotas para estrangeiros nessas instituições.

São contra o assistencialismo, pois entendem que não se deve dar o peixe, tem que ensinar a pescar. Mas ganharam carro da mãe e o pai paga a mensalidade da faculdade e da academia.

Usam de convicto moralismo para criticar o funk carioca com suas letras de apelo sexual. Mas silenciam-se perante músicas de rock e metal que fazem apologia explícita ao sexo – muitos inclusive ouvem com gosto essas músicas sem lhes dirigir a reprovação moral(ista) que dedicam ao funk.

Demonizam exorbitantemente a maconha. Mas acordam com Prozac e dormem com Rivotril.

Muitos se dizem os primeiros a defender a democracia. Mas só quando seus candidatos vencem. Quando o processo se inverte, as forças conservadoras enlouquecem e incentivam o golpismo.

São favoráveis à ditadura militar. Mas se fazem valer do direito de se posicionarem de maneira contrária ao Estado.

Exigem segurança policial nas ruas e punição a bandidos, mas raramente demandam a erradicação das raízes da criminalidade. Suas diligências não pedem pela solução da criminalidade, mas sim apenas pela vingança contra criminosos, parecendo que o que lhes é mais importante não é viver numa sociedade pacífica e harmônica, mas sim ver crimes contra a vida e a propriedade sendo “devidamente” vingados mesmo que a violência e a insegurança perdurem.

Defendem penas cruéis como a tortura, prisão em penitenciárias propositalmente malcuidadas e a pena de morte quando se deparam com notícias envolvendo crimes atrozes cometidos por pessoas desprovidas de riquezas e poder econômico, não manifestando nem de longe a mesma aversão quando o criminoso em questão é rico (empresário, juiz, político, cartola etc.) ou filho de pais ricos – exceto quando o crime é de corrupção em alguns poucos casos.

Dizem-se defensores enfáticos da liberdade. Mas tanto bradam contrariamente a liberdades básicas como o direito de ser ateu, satanista, pagão ou afrorreligioso; o direito de homo, bi e pansexuais de amarem e serem felizes com quem quiserem; o direito de ser comunista ou socialista; o direito da mulher e do homem trans de escolher entre abortar ou manter a gravidez etc.

Dizem defender “a moral e os bons costumes”. Mas, ao mesmo tempo em que não consideram “bons costumes” nem valores morais válidos o respeito às diferenças, a tolerância religiosa e a solidariedade altruísta, omitem-se contra os autênticos maus costumes, como o ódio intolerante contra seres humanos de categorias sociais diferentes, a violência abusiva e a corrupção de muitos que se dizem “paladinos da moral”.

Se o rico defende a “elite branca” é fascista. Se ele defende o pobre é hipócrita.

abs,

Nenhum comentário:

Postar um comentário