quarta-feira, 27 de abril de 2016

Senso Comum: Covardia, Hipocrisia e Conservadorismo


Reproduzir o senso comum nada mais é do que recorrer à guarida da zona de conforto, conservando uma posição submissa ao fazer coro com as massas preponderantes. Na linguagem coloquial seria o tal do “jogar pra galera”.

O falso moralismo, no qual se esconde à sombra dos "bons costumes", é a base cultural desta conveniência, consistindo em apegar-se a normas e padrões hierarquizados que lhe convém, para condenar atos alheios e justificar os próprios.

Essa resignação torna-se uma das maneiras mais rudimentares de se acovardar, pois sempre será mais fácil e cômodo permanecer alienado e preso a pressupostos paradigmáticos do que instruir-se, refletir, raciocinar, questionar e contestar para enfim se conscientizar e, habilitar-se a argumentar, opinar e reivindicar.

Evidenciando que a covardia anda de mãos dadas com o conservadorismo, trazendo à tona a inépcia, além de uma moralidade hipócrita, da qual serve como recurso legitimador para que a maioria esmagadora possa refugiar-se atrás dos grupos opressores, recorrendo ao enaltecimento e exaltação como método de afirmação e sobrevivência.

Todavia, essa postura subordinada apenas mantém a condição daqueles intitulados meramente como “mais um na multidão”, ao aderi-la, você sempre será “só mais um... comum!”.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Sessão de Horrores


A maior concentração de hipocrisia, implante, botox e disfunção erétil por metro quadrado do planeta. Assim resume-se a Câmara Federal durante a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma turba desqualificada de "homens de família" comandados por um biltre do quilate de um Eduardo Cunha, que distribuía sorrisos pelos quais não debochava de Dilma nem dos parlamentares que o atacavam, mas de todo o povo brasileiro.

O mesmo povo que também já foi vítima da faceta autoritária do estado corporativo petista com a remoção violenta de favelas para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a utilização do exército para contenção de protestos, a ocupação de favelas pelos militares, a expansão indefinida do estado policial brasileiro (com um aumento da população prisional de 7% ao ano, prendendo primordialmente pessoas negras e pobres), além da arbitrária construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Mas como era de se esperar, a cena mais execrável desta tenebrosa sessão plenária foi protagonizada pelo Deputado Jair Bolsonaro, que durante o anúncio de seu voto, homenageou o Coronel Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi de São Paulo - entre 1970 e 1974 - um dos principais centros de repressão do Exército durante a ditadura militar, na qual Ustra matou mais de 60 pessoas, além de ter participação em cerca de 500 torturas e desaparecimentos.

O coronel cujo o deputado intitulou como "Pavor de Dilma Rousseff", por ele ter sido responsável pela tortura da atual presidente, à época com 23 anos, chegando a deslocar sua mandíbula e quebrar seus dentes, também torturava crianças e mulheres (inclusive gestantes) e tinha entre seus métodos cruéis o costume de introduzir ratos e insetos nas genitais femininas.

À Bolsonaro e Cunha só me resta dedicar este trecho do poema "Algumas perguntas a um 'homem bom'" de Bertolt Brecht:
"Escuta, pois: nós sabemos
Que és nosso inimigo. Por isso vamos
Encostar-te ao paredão. Mas em consideração
Dos teus méritos e das tuas boas qualidades
Escolhemos um bom paredão e vamos fuzilar-te com
Boas balas atiradas por bons fuzis e enterrar-te com
Uma boa pá debaixo da terra boa".

terça-feira, 12 de abril de 2016

A Fragmentação da Esquerda


Em tempos nos quais muito especula-se sobre Foro de São Paulo, um fato antagônico a este prisma tem me chamado bastante a atenção: a segregação das vertentes de esquerda no Brasil. 

Hoje, termos como "stalinista", "trotskista", "maoista", "anarquista", "petista", "socialista cristão", "new left", entre outros, são frequentemente usados de maneira pejorativa em qualquer debate ou diálogo envolvendo frentes progressistas. As forças anticapitalistas e vanguardistas em vez de articularem uma construção socialista para frear a ofensiva violenta do capital, agregarem meios para coibir avanços dos regimes neoliberais, e unidas combaterem o fascismo que cresce sorrateiramente, optam por se atacarem mutuamente, fomentando a esquerda que a direita gosta. 

Em contraponto, observamos liberais e conservadores estreitarem alianças, acompanhados da dissimulada onda fascista, que pega carona no antipetismo para novamente colocar suas garras de fora. Essa coesão e organização de grupos retrógrados e opressivos, tende a ser bem nociva, sobretudo em um momento no qual é iminente a retomada do poder por parte de potências reacionárias que põem em xeque movimentos sociais, direitos de minorias e proletariado, além de inibirem qualquer forma de inclusão. 

Atualmente o ódio político impera em um Brasil dicotômico, exacerbando a premência de uma conexão e associação que façam as classes dominantes tremerem frente aos ideais e anseios das massas ao enfrentarem tropas e facções repressivas sob comando dos conglomerados burgueses. É conveniente recordá-la para que possamos acatar a conclamação de nosso pai da revolução, Karl Marx: "Trabalhadores do mundo, uni-vos!".