Uma sociedade subalterna é constituída através do medo, da covardia e
da desinformação, tal como o corpo social que integramos. Inerte e
omisso, sem coragem, sem alma, sem coração. Vem ao mundo somente para
viver cegamente em harmonia com as leis e ordens sociais, sem prestar-se
ao mínimo trabalho de reflexão e contestação, limitando seu senso
crítico.
Aos seus olhos, se torna imperceptível, o inexorável controle exercido pelo Estado, que para maquiá-lo concebe direitos. O Civil
que na verdade serve meramente para que os ricos roubem os pobres e o
Penal para impedir que os pobres reajam, chamando sua própria violência
de lei, mas chamando de crime a violência do indivíduo, como bem
ressaltou Max Stirner.
Talvez nos falte um Martin Luther King para incitar que "temos o dever
moral de desobedecer as leis injustas" e despertar em nossa gente a
vontade de quebrar regras e conceitos internalizados e de certa forma
acimentados, que ordinariamente tratam-se de leis que segundo Michel De
Montaigne: “mantêm-se credíveis não por serem justas, mas apenas por
serem leis. É o fundamento místico da autoridade delas; não tem outro, e
é bastante; Frequentemente são feitas por imbecis”. Uma vez que a
escravidão, o holocausto e o apartheid já estiveram dentro da lei,
portanto não se deve usar a lei como parâmetro para a moralidade.
Certa vez, Cazuza pediu piedade e um pouco de grandeza e coragem pra
essa gente careta e covarde. Já Zé Ramalho, alertou em seus versos sobre
a vida de gado de um povo marcado e feliz a vocês que fazem parte dessa
massa de manobra, manipulada de maneira tão banal, dando origem a um
grande teatro de marionetes caricatas e compactuantes, que constroem o
alicerce de toda essa engrenagem do sistema. Pois como diria Simone de
Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre
os próprios oprimidos”.
Não se esqueçam que violentos são os que impõe a desigualdade, não os que lutam contra ela.
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