segunda-feira, 15 de junho de 2015

Exposição de comemoração dos 450 anos do Rio mostra uma cidade redescoberta


Neste ano a cidade do Rio de Janeiro completou 450 anos, e o Museu de Arte do Rio presta sua homenagem através de diversas exposições com destaque para a belíssima Kurt Klagsburnn, um fotógrafo humanista no Rio (1940 – 1960).

Os curadores Marta Klagsbrunn, Marcia Mello, Paulo Herkenhoff e Susane Worcman, fazem um panorama da obra do fotógrafo austríaco de ascendência judaica, Kurt Klagsbrunn. A exposição conseguiu capturar as mudanças do país nas décadas de 1940 até 1960. Kurt revela o papel da aristocracia carioca assim como dos empregados e da classe popular dessa época. Além de um olhar delicado desses tipos, Kurt também fotografa as mudanças urbanísticas do Brasil, a construção de Brasília e as mudanças e construções no Brasil, tudo isso acompanhado de legendas bastantes esclarecedoras, apesar das fotos falarem por si só.

Kurt Klagsburnn foi um fotógrafo dos fotógrafos. Além de fazer muitos auto-retratos, também era especialista em fotografar outros fotógrafos. A exposição demonstra essa sua característica específica no mundo da fotografia, além de exibir uma “timeline” com a história e evolução da fotografia através de imagens, câmeras fotográficas e até disponibiliza uma interessantíssima demonstração obsoleta de revelação de fotos. Adicionalmente, são apresentados detalhes da técnica fotográfica da época com explicação sobre os processos de revelação, fixação e ampliação, além de máquinas fotográficas antigas como a Rolleiflex, Hasselblad, Leica e Zeiss, entre outras.


Mas o prato principal da exposição é a cidade do Rio de Janeiro, como o título já evidencia. A câmera de Kurt registrou de forma bastante peculiar os problemas urbanísticos e as transformações radicais da cidade, que indicam que o Rio é a cidade mais singular em termos de integração entre engenharia, paisagem e urbanismo contraditório. Uma vasta obra capaz de captar todas as singularidades da sociedade carioca daquele período – seus símbolos e contradições, diferenças e transformações, cruzamentos de classes e culturas.


Porém a exposição possui um viés político bastante acentuado devido a vida do fotógrafo. Nascido em Viena, na Áustria em 1918, mas com a ascensão do nazismo, foi obrigado a abandonar os estudos de medicina e deixar Viena para seguir rumo a Lisboa, via Roterdã, com seus pais e o irmão em 1938. Chegou ao Brasil em 1939 e descobriu aqui sua paixão pela fotografia. Kurt também registrou o processo do fim da guerra contra o nazismo, quando forças democráticas se articulavam contra a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. As diversas lutas incluíam a anistia dos presos políticos submetidos às forças varguistas, o fim da ditadura e a convocação de uma constituinte para a redemocratização, com isso o voto e a diversidade dos partidos foram valorizados. Ele também foi fotógrafo do Partido Comunista e retratou Luís Carlos Prestes recém-saído da prisão. Documentou o retorno dos exilados, a luta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e a participação da sociedade civil.


A exposição traz cerca de 200 fotografias do artista austríaco realizadas no Rio de Janeiro, uma mostra de um total estimado em mais de 100 mil registros feitos por ele na cidade. Personalidades internacionais e nacionais de passagem pela cidade como o cineasta Orson Welles, o músico Luiz Gonzaga e o arquiteto Oscar Niemeyer também foram captados pela lente de Kangsbrunn.

Caso você seja um amante da boa fotografia ou apenas deseja uma gostosa viagem no tempo para entender melhor a história do Rio, a exposição estará até o dia 09/08 no Museu de Arte do Rio (Praça Mauá, 5 – Centro | Rio de Janeiro – RJ).

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