Neste ano a cidade do Rio de Janeiro completou 450 anos, e o
Museu de Arte do Rio presta sua homenagem através de diversas exposições com destaque
para a belíssima Kurt Klagsburnn, um
fotógrafo humanista no Rio (1940 – 1960).
Os curadores Marta Klagsbrunn, Marcia Mello, Paulo
Herkenhoff e Susane Worcman, fazem um panorama da obra do fotógrafo austríaco
de ascendência judaica, Kurt Klagsbrunn. A exposição conseguiu capturar as
mudanças do país nas décadas de 1940 até 1960. Kurt revela o papel da
aristocracia carioca assim como dos empregados e da classe popular dessa época.
Além de um olhar delicado desses tipos, Kurt também fotografa as mudanças
urbanísticas do Brasil, a construção de Brasília e as mudanças e construções no
Brasil, tudo isso acompanhado de legendas bastantes esclarecedoras, apesar das
fotos falarem por si só.
Kurt Klagsburnn foi um fotógrafo dos fotógrafos. Além de
fazer muitos auto-retratos, também era especialista em fotografar outros
fotógrafos. A exposição demonstra essa sua característica específica no mundo
da fotografia, além de exibir uma “timeline” com a história e evolução da
fotografia através de imagens, câmeras fotográficas e até disponibiliza uma
interessantíssima demonstração obsoleta de revelação de fotos. Adicionalmente,
são apresentados detalhes da técnica fotográfica da época com explicação sobre
os processos de revelação, fixação e ampliação, além de máquinas fotográficas
antigas como a Rolleiflex, Hasselblad, Leica e Zeiss, entre outras.
Mas o prato principal da exposição é a cidade do Rio de
Janeiro, como o título já evidencia. A câmera de Kurt registrou de forma
bastante peculiar os problemas urbanísticos e as transformações radicais da
cidade, que indicam que o Rio é a cidade mais singular em termos de integração
entre engenharia, paisagem e urbanismo contraditório. Uma vasta obra capaz de
captar todas as singularidades da sociedade carioca daquele período – seus
símbolos e contradições, diferenças e transformações, cruzamentos de classes e
culturas.
Porém a exposição possui um viés político bastante acentuado
devido a vida do fotógrafo. Nascido em Viena, na Áustria em 1918, mas com a
ascensão do nazismo, foi obrigado a abandonar os estudos de medicina e deixar
Viena para seguir rumo a Lisboa, via Roterdã, com seus pais e o irmão em 1938. Chegou
ao Brasil em 1939 e descobriu aqui sua paixão pela fotografia. Kurt também
registrou o processo do fim da guerra contra o nazismo, quando forças
democráticas se articulavam contra a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.
As diversas lutas incluíam a anistia dos presos políticos submetidos às forças
varguistas, o fim da ditadura e a convocação de uma constituinte para a redemocratização,
com isso o voto e a diversidade dos partidos foram valorizados. Ele também foi
fotógrafo do Partido Comunista e retratou Luís Carlos Prestes recém-saído da
prisão. Documentou o retorno dos exilados, a luta da União Nacional dos
Estudantes (UNE) e a participação da sociedade civil.
A exposição traz cerca de 200 fotografias do artista
austríaco realizadas no Rio de Janeiro, uma mostra de um total estimado em mais
de 100 mil registros feitos por ele na cidade. Personalidades internacionais e
nacionais de passagem pela cidade como o cineasta Orson Welles, o músico Luiz
Gonzaga e o arquiteto Oscar Niemeyer também foram captados pela lente de
Kangsbrunn.
Caso você seja um amante da boa fotografia ou apenas deseja
uma gostosa viagem no tempo para entender melhor a história do Rio, a exposição
estará até o dia 09/08 no Museu de Arte do Rio (Praça Mauá, 5 – Centro | Rio de
Janeiro – RJ).
Nenhum comentário:
Postar um comentário