Sempre fui crítico ferrenho do governo vigente, mas a destituição de
Dilma neste momento, elevaria Cunha e Temer aos postos de vice e
Presidente da República, respectivamente. Seria colocar, de forma indireta,
no comando do poder executivo, o líder do partido detentor da maior
bancada das duas casas do Congresso Nacional que preside paralelamente,
e considerando o iminente pacto entre PMDB e PSDB (partido que
possui o terceiro maior número de parlamentares federais), os entraves
que eles próprios estabeleceram ao governo irão cessar, o país deixará o
estado de inércia no qual se encontra, e consequentemente esse fator
será usado como trunfo nas próximas campanhas presidenciais.
O
maior partido e câncer político do Brasil, tão corrupto quanto o PT, fortalecido e com a
máquina na mão, minimizará totalmente as chances de elegermos um Chefe
de Estado mais confiável em 2018. É preferível penar por mais dois anos
do que por tempo indeterminado, pois herdaremos um Planalto capitaneado
por Temer, Calheiros, Cunha, Sarney, Newtão Cardoso, Picciani, Mauro
Lopes, Osmar Terra e Jader Barbalho. Esta 'República do PMDB'
consolidada, dará prosseguimento aos esquemas de corrupção dos quais já
encabeça, e ao dispor da coadjuvação do PSDB, a blindagem mútua de dois
dos maiores partidos do país irá atravancar o combate à corrupção.
A pergunta agora é: se já está sendo muito difícil retirar do poder o
enfraquecido e combalido PT, que há mais de um ano vem sofrendo pressão
das ruas, da oposição e do judiciário, além de encontrar-se abandonado
pela sua própria base aliada, como vamos fazer para conseguir derrubar o
PMDB e suas coligações que dominarão o país inteiro?
Não gosto de
ficar em cima do muro, pois como diria Gramsci: “Viver significa tomar
partido”. Em virtude disso me posiciono contrário ao impeachment. Faz-se necessário lembrar da Lei de Murphy (Máxima número 3) de Alan Bloch: "Nada é tão ruim que não possa piorar mais ainda".