quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Reforma trabalhista pra quem?


Como já era esperado, após o impeachment de Dilma Rousseff, discursos sobre cortes em direitos trabalhistas voltaram à tona com força total. Evidentemente, o patrocínio e o lobby feitos por conglomerados burgueses pela destituição da ex-presidente não sairiam de graça.

Sob pretexto de criar um atenuante para a geração de empregos (em um momento de grande supressão), essa ofensiva patronal conta com todo o seu aparato da superestrutura (sobretudo, a mídia) para propiciar um ambiente que viabilize a admissão de seus interesses.

No entanto, essa relação entre custo do empregado e criação de novos postos de trabalho não se sustenta, pois o que gera admissão é a produção econômica, e nenhum contratante emprega somente pelo fato da mão de obra tornar-se mais acessível. Normalmente, esse pequeno ganho marginal, oriundo de folga financeira devido à redução de custos na folha de pagamento, serve apenas ao impulso da renda do capital.

A realidade é que, esse ataque aos direitos trabalhistas, é a via que a burguesia encontrou para preservar seus lucros em um cenário de grave crise econômica. Em referência a países desenvolvidos, uma direita ultraliberal, inclusive, chega a clamar pela extinção da CLT, pressupondo que sem regulamentação, a remuneração seria maior, pois, hipoteticamente, ela é determinada pela produtividade do funcionário e pelo o quão ele é indispensável para o funcionamento do negócio, enquanto até neoliberais mais moderados admitem que sindicatos fortes são o que garantem direitos e melhores salários, e não a livre e espontânea vontade do empresário.

Mas o que o empresariado brasileiro e suas linhas auxiliares precisam entender é que, direitos trabalhistas são fruto de longas batalhas e lutas, cujo início se deu lá atrás durante a escravatura, passando pela Revolução Industrial, vencendo a prática do trabalho infantil, entre outras precárias condições de trabalho. Conquistas asseguradas às custas de muito sangue e muito suor da testa do trabalhador, que não podem ser revogadas apenas para garantir o banquete de suas festas.

domingo, 11 de setembro de 2016

Insólita Inveja


Li em algum lugar que a inveja é o sentimento de ódio ao rival pelo privilégio da posse ou do usufruto da figura de posse ou, ainda, pela perspectiva disso. Talvez isso explique um pouco o que se passa na cabeça temerária de nosso presidente, que diz se inspirar em Mauricio Macri, cuja maior façanha foi fazer surgir mais de 1,4 milhão de novos pobres e a carne desaparecer da mesa de nossos hermanos com uma inflação que supera a marca de 40%, tudo em apenas nove meses na presidência da Argentina.

Michel Temer quer seguir à risca o mesmo ajuste neoliberal que conduziu o povo argentino a esse caos, implementando cortes em direitos trabalhistas e programas sociais, privatizações, degradação dos serviços públicos, diminuição do peso do Estado na economia, abertura comercial e alinhamento da política externa com os Estados Unidos, medidas que nos levariam a seguir trilhando o caminho do desemprego, inflação galopante, fuga de capitais e retorno ao FMI.

Saudades do tempo em que as habilidades de um rival provocavam inveja e não os fracassos.