sexta-feira, 22 de julho de 2016

Escola sem Pensamento


A desonestidade do programa denominado “Escola sem Partido” já fica explícita na adoção da palavra "partido", com intuito de obter a adesão de incautos. Esse projeto, que está em tramitação e alega combater a doutrinação marxista nas escolas, é estupidez de uma direita delirante que desconhece (ou finge desconhecer) a realidade do país em que vive, ao almejar substituir o que imagina que seja uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, uma ideologia conservadora.

Esmiuçarei alguns tópicos que elucidam bem esse tema:

1 – Já que a doutrinação é marxista, me diga quantas pessoas você conhece que saibam o que é materialismo histórico e dialético, mais-valia e divisão social do trabalho.

2 – É possível haver doutrinação marxista onde vigora um Ensino Médio voltado à preparação para a competitividade do mercado de trabalho?

3 – Outro pretexto aludido é que são abordadas obras de Marx e não de teóricos liberais. Logo, presume-se que essa turba sequer frequentou uma escola, pois a disciplina “Economia” não faz parte dos planos de estudo do Ensino Fundamental e Médio. Marx é lecionado, porque além de um economista, trata-se de um filósofo e sociólogo. Quer estudar economia? Vá para faculdade!

4 – As maiores doutrinações a quais somos submetidos desde o momento em que nascemos são a cristã (internalizada em nossa sociedade desde a atuação dos jesuítas no Brasil) e a consumista (presente constantemente em propagandas na TV). São essas as ideologias soberanas e jamais a vi sendo contestadas. Em razão disso, é necessário que o papel da escola seja, realmente, o de estimular o pensamento crítico, pois caso contrário o que prevalece é o pensamento dominante.

5 – Pra finalizar, brindo-lhes com essa máxima de Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial: “Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente?”.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Utopia


Nós somos a utopia deles..
 
Nós somos a utopia daqueles que viviam sob a tutela da Lei de Talião.
 
Nós somos a utopia das vítimas da Inquisição.
 
Nós somos a utopia dos servos do sistema feudal.
 
Nós somos a utopia dos explorados e aniquilados pelas colonizações.
 
Nós somos a utopia daqueles que viviam racialmente segregados.
 
A utopia é o único anseio ainda capaz de nos proporcionar alguma fé em um futuro mais justo e igualitário.
 
"Vida sem utopia não entendo que exista."

sábado, 16 de julho de 2016

Daqui pra frente tudo vai ser diferente?


Ontem, o dia começou de maneira triste, após um torcedor do Botafogo ser espancado até a morte por membros de uma torcida organizada do Flamengo. Mas no término do "clássico da rivalidade", ao menos, saímos com a esperança de que ventos favoráveis podem voltar a soprar em direção a General Severiano.

Entretanto, nas arquibancadas da, enfim inaugurada, Arena Botafogo, foi a vez dos torcedores botafoguenses protagonizarem cenas lamentáveis, não esgotando seus ingressos, brigando entre si e atirando objetos ao gramado - o que, por sinal, pode implicar em perdas de mando de campo pelo Glorioso.

Quando a bola rolou, ecoavam no estádio as previsíveis provocações da torcida alvinegra a Willian Arão, mas que, aparentemente, mais uma vez lhe abalaram, pois o volante não repetiu suas boas atuações do campeonato. O que surpreendia, era o time do Botafogo, que demonstrava superioridade dentro das 4 linhas...

Aos 12 minutos, após cobrança de escanteio, Rodrigo Lindoso completou de cabeça, na trave. Mas o Alvinegro não aproveitou o bom momento. Aos 23, Everton aproveitou a primeira falha da defesa adversária para abrir o placar para o Flamengo. A partida voltou a ficar truncada e na base do abafa, surge a primeira singularidade do jogo...

Diante dos olhos de Tite, técnico da seleção, que marcava presença na Arena, o melhor em campo Aírton deu lençol em Arão, a bola foi levantada na área e, em chute potente e certeiro, Diogo Barbosa marcou um lindo gol, o primeiro do lateral-esquerdo com a camisa alvinegra: 1 a 1.

Na etapa final, o Flamengo voltou melhor e não demorou para retomar a vantagem. Aos 12, outra pane geral e falha inadmissível de Bruno Silva. Jorge roubou-lhe a bola, deu para Evertou e apareceu na frente para receber e vencer Sidão. Pouco depois, após nova falha da defesa (desta vez de Emerson Santos) e nova assistência de Everton, Guerrero ampliou: 3 a 1. E o jogo parecia decidido...

Mas o treinador rubro-negro Zé Ricardo é daqueles aficionados por armar uma retranca, recuou exacerbadamente o time e acabou punido no final...

Pois Ricardo Gomes, ao contrário do técnico oponente colocou o time para frente, que por sua vez não se entregou. E aos 34, em mais uma bela jogada de Aírton, Luís Ricardo cruzou, e Neilton diminuiu. Mais três minutos, veio o empate e com ele mais um prenúncio de "mudança dos ventos" no coração alvinegro. Camilo avançou pela esquerda e tocou para Salgueiro girar em cima de Jorge e desencantar no momento certo, marcando um golaço para empatar o jogo. O uruguaio, enfim, demonstra estar se encontrando com a camisa do Botafogo, outro ponto positivo do jogo.

Mas o principal motivo de comemoração aos alvinegros é a quebra de uma martirizante escrita contra seu maior rival. Pois, desde 2007, o time vem sofrendo com viradas e empates, quase sempre definidos com gols rubro-negros nos minutos finais das partidas.

No entanto, ontem a sorte resolveu compensar um pouco o time do qual ela por muito tempo se manteve ausente.

    segunda-feira, 11 de julho de 2016

    A Alma de Cristiano Ronaldo

    Confesso que já fui preconceituoso com relação a Cristiano Ronaldo... 

    Considerava seu ethos egocêntrico e exibicionista, além de erroneamente me incomodar com seu excesso de vaidade, pelo fato dele andar feito uma gazela, sempre com gelzinho no cabelo, se admirando pelos telões dos estádios da vida. E realmente era puro preconceito...

    Como certa vez afirmou o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias: "Cristiano Ronaldo tem alma!". É um dos atletas mais altruístas, é porta-voz de várias causas humanitárias, incluindo a fome infantil e volta e meia aparece na mídia por suas ações em prol de crianças em situação de risco, ou com problemas de saúde. 

    Mas profissionalmente, sua alma nunca emergiu como fora nesta Eurocopa. A maior prova aconteceu durante a disputa de pênaltis entre os portugueses e a Polônia pelas quartas de final, na qual o astro do Real Madrid assumiu a responsabilidade de motivar seus companheiros, e também na grande decisão contra a França, quando aos 24 minutos de jogo, sofreu uma lesão após entrada de Payet, deixou o gramado chorando e transformou-se em uma espécie de auxiliar técnico no decorrer da prorrogação, gritando e incentivando a equipe do lado de fora, para após o apito final chorar de novo, porém, dessa vez para celebrar o título inédito.

    E em meio a comemoração, não esqueceu de novamente demonstrar não ser craque apenas dentro do campo, através de seu lado humanitário, ao dedicar este título a todos os imigrantes, em um momento no qual uma onda de rejeição e intolerância à imigração assola a Europa.

    Todos esses fatos que citei já seriam suficientes para considerá-lo superior a Messi. Mas, por incrível que pareça, ainda vou na contramão da maioria, e embora reconheça que o argentino seja mais eficiente, para mim, CR7 é mais diferente e espetacular. Enfim, sei que essa minha opinião é minoritária, mas isso pouco importa, pois minha avaliação transcende o fator futebolístico. 

    Muito mais pelo que faz extra-campo do que dentro das 4 linhas, Cristiano Ronaldo é hoje "o cara" do futebol mundial!